Alimentação ARTIGOS

A importância dos 3 primeiros anos de vida do seu filho

Já não é de hoje que eu digo que são nos primeiros anos de vida que tudo de mais importante acontece na vida de uma criança. Ela vem ao mundo, mama o nutritivo leite da mamãe e se tudo der certo, por volta dos 6 meses o bebê começa a ser apresentado os primeiros sabores das papinhas. Bem, dizem que o sabor do leite materno varia de acordo com a alimentação da mãe, mas quando falamos de papinhas, estamos abrangendo sabor e consistência, no mínimo.

O início da alimentação sólida na minha opinião é um momento chave na vida alimentar de uma criança. Por conta não só do sabor, mas também graças à consistência, forma de aresentação, cores, temperatura, entre outros fatores, o GOSTO da criança começa a se formar. Começa a educação do paladar. A criança começa a ter suas preferências.

E vocês já pararam para pensar em qual seriam os critérios de um bebê a partir dos seus 6 meses para decidir sobre aquilo que gosta ou não, aquilo que quer comer ou não? Nesta idade eles praticamente funcionam “no automático”, não sabem distinguir o que é bom ou ruim, mas instintivamente sabem que precisam se alimentar, choram se sentem fome, recusam comida se estão satisfeitos.

Eu hoje li uma matéria no UOL, caderno Ciência e Saúde que me chamou a atenção porque reforça ainda mais o quanto a alimentação na primeira infância é importante. Uma pesquisa realizada em universidades britânicas concluiu que a alimentação nos primeiros 3 anos de vida influencia fortemente no aproveitamento escolar. A pesquisa mostrou que crianças com uma alimentação pobre em nutrientes têm pior rendimento escolar – bem, e não é preciso ser nenhum grande cientista para saber que um mal aproveitamento escolar  pode acarretar em muitas conseqüências negativas ao longo da vida.

Na verdade os pesquisadores com certeza utilizaram o critério aproveitamento escolar por ser um dos mais fáceis de mensurar: notas em avaliações, comportamento em sala de aula, grau de atenção, etc, mas com certeza todos os aspectos observados em sala de aula são aplicáveis a outras circunstâncias do nosso cotidiano.

A pesquisa também mostrou que o regime alimentar em anos posteriores não tinha tanta influência sobre o desempenho na escola.

E como fazer para seu filho se alimentar de forma saudável?

Aqui no site eu já dei muitas dicas. Leiam o conteúdo com carinho e atenção. Mas na minha opinião, o principal é: JAMAIS ofereçam porcarias às crianças, principalmente antes dos 3 anos de idade. Doces, farináceos refinados, balas, chocolates, industrialiados em geral, massas. Tudo isso é uma delícia, não dá para negar, mas tudo isso é muito pobre em nutrientes. E do que é mais fácil gostar?? De uma barra de chocolate, macarrão e pão de queijo, ou de uma boa carne assada, saladas, verduras e legumes? A maioria das pessoas, crianças e adultos ficará facilmente com a primeira opção.

Aqui em casa eu não compro “porcarias industrializadas”. Não ofereço ao meu filho e viro bicho se alguém oferecer. As refeições têm sempre carne, alguma verdura, ovos, queijos, grão integrais, caldo de carne, manteiga, saladas. As sobremesas são sempre frutas maduras, bem doces. Se não tem em casa, se ninguém oferece, se a criança não conhece, não irá sentir falta.

Manter-se neste regime não é tarefa das mais fáceis. Existe toda a família, toda a sociedade e muito marketing nos pressionando para o contrário. As propagandas mostram a família linda e feliz comendo bolachas, balas, chocolates. As propagandas mostram crianças tristes sendo obrigadas a comer verduras. As propagandas mostram crianças felizes comendo doces. Muitos vovôs, vovós, titias e padrinhos – com a melhor das intenções tneho certeza – acham a coisa mais linda ver o bebezinho de 6 meses com um pirulito ou pão de queijo na boca. Nós mães, que queremos o melhor para os nossos filhos, quando lhes negamos  tudo isso somos taxadas de malucas, exageradas. Nos falam que nossos filhos são e serão infelizes, que não terão infância. Eu já fiquei bem chateada por ouvir comentários desse tipo.

Hoje, completamente segura das minhas opções, dou as costas a quem fala mal e exibo orgulhosa um filho que vende saúde, disposição e alegria. Um filho que não pode ver uma banana ou uma caixa de morangos que chora pedindo, mas que passa por uma prateleira de supermerccado cheia de chocolates e nem olha, nem se dá conta do que é.

Se ele tem infância? Para o meu conceito de infância, que é brincar, andar descalço, ficar ao ar livre, cantar, dançar, ganhar carinho, tomar sol, correr e pular, eu posso dizer sem sombra de dúvida que me ufilho tem uma infância como poucos!

Criança que não come bem (e bem significa em qualidade, porque quantidade não é nada!) fica doente mais fácil e criança doente não brinca. E criança que não brinca é que não tem infância!!

Sobre crianças que parecem “chatas” para comer, que desde as primeiras vezes parecem não aceitar nada, não gostar de nada, eu quero falar com mais calma uma outra hora. Tenho algumas teorias à respeito, que na verdade são somente teorias, já que meu filho nunca me deu o menor trabalho na hora de comer.

Agora para quem tiver interesse, a matéria do UOL:

Uma dieta inadequada nos primeiros anos da infância pode afetar o posterior desenvolvimento escolar das crianças, segundo indica um estudo publicado hoje no Reino Unido.

A pesquisa, realizada por especialistas das universidades inglesas de Londres e Bristol, assinala que as crianças que aos 3 anos consumiram muita comida de baixa qualidade nutricional –como alimentos muito processados ou com alto conteúdo de sal e açúcar– progrediam menos no colégio.

Os especialistas descobriram que, em comparação com outras crianças, as que se alimentaram mal tinham 10% menos probabilidades de alcançar os níveis de desenvolvimento esperados entre os seis e os dez anos.

Também comprovaram que o regime alimentar em anos posteriores não tinha tanta influência sobre o desempenho na escola.

O trabalho apresentado hoje se baseou nos dados fornecidos por um estudo da Universidade de Bristol, que acompanha o desenvolvimento de 14 mil crianças desde seu nascimento, em 1991 e 1992.

Para chegar a suas conclusões, os pesquisadores levaram em conta outros fatores que podem afetar o desenvolvimento escolar infantil, como baixa renda dos pais e más condições familiares.

Bom apetite!

Quem é a Pat FeldmanPat Feldman

Pat Feldman é culinarista, criadora do Projeto Crianças na Cozinha (www.criancasnacozinha.com.br), que visa difundir para o grande público receitas infantis saudáveis, saborosas e livre de industrializados. É também autora do livro de receitas A Dor de Cabeça Morre Pela Boca, escrito em parceria com seu marido, o renomado médico Alexandre Feldman.

15 comentários

  1. Adorei, também.
    Acho super importante, mas não consegui manter nenhum dos 3 longe das porcarias.
    O Zé (1 ano) só come besteira quando alguém dá. Mas come. O João (3 anos) ama bala e troca tudo por uma bala. Claro que a gente nunca compra. Hehehe. A Mel (4 anos) adooooora um chiclete. Mas todos se alimentam bem. Nunca deram trabalho nenhum pra comer.

    Pat, só uma pergunta, no quesito açúcar, qual o menos pior? Entre mascavo, demerara, refinado (tá, sei que não é esse), etc.

    beijo

  2. Adorei! Minha filha tem 1a3m e até hoje conseguimos mantê-la afastada de quase tudo que é industrializado. No início, por tonda de uma alergia alimentar, depois, por convicção.

    Depois de ler o livro da Pat, percebemos que se a gente não mudar a alimentação da casa toda, logo ela vai querer as porcarias tb (afinal, se mamãe e papai podem, pq eu não posso?).

    Essa é minha 1a semana mudando a alimentação da casa. Não usamos mais farinhas refinadas, nem açúcar, diminuí muito o meu consumo de pão, dando preferência aos grãos integrais.

    Estou positivamente surpresa! Não estou sentindo os efeitos da abstinência de açúcar (ok, mas é preciso força de vontade prá não comer o que está todo mundo comendo), nada de dor de cabeça, tremedeira, nem tenho passado fome. Estou segura de que vou perder peso, embora o objetivo primário seja mesmo comer melhor.

    Nunca imaginei que fosse possível comer de forma saudável sem abrir mão do sabor delicioso das coisas…

    Obrigada, Pat! Com um pouco de sorte e persistência, minha filha continuará comendo tão saudavelmente qto agora, pro resto da vida…

    Beijos!

  3. Aqui tem conspiração próxima demais.
    Marido respeita minha postura, mas aposta em uma inclinação nata para as “porcarias”.
    Filha vai bem, vez ou outra experimentou industrializados, coisa que muito me chateia.
    Ótimo texto!

  4. Aqui em casa temos uma postura um pouco parecida com a sua.
    Nosso dia-a-dia tem muita verdura, legumes, carnes, etcs e nossa filha come muito bem. Ela tem dois anos e 1 mês e só conheceu chocolate no dia do aniversário de 1 ano. Come chocolate ou bala quando vai a festas e nunca tomou refrigerante. Não foi fácil e não é já que vai à escolinha e aqui em nossa cidade nenhuma tem o hábito de proibir certos alimentos ou bebidas, além de avós, amigos, etc querendo oferecer.
    Ela ama frutas, verduras, legumes, mas mesmo não tendo sido incentivada por nós, quando vê algo diferente, que nunca experimentou, quer sim. Diferente do seu filho. Um dia viu uma coleguinha tomando algo de cor preta (ela nunca tinha visto coca-cola)e ficou mais do que interessada em experimentar(como é com tudo) e foi uma dificuldade focar sua atenção em outra coisa. Mas não cedi!
    Exemplo é tudo, sei disso, e fazemos de tudo, mas sua curiosidade com o que é diferente também é grande. Mas vamos tentando!

  5. Ah, só não entendi essa parte:

    “E do que é mais fácil gostar?? De uma barra de chocolate, macarrão e pão de queijo, ou de uma boa carne assada, saladas, verduras e legumes? A maioria das pessoas, crianças e adultos ficará facilmente com a primeira opção.”

    Nossa filha e nós amamos macarrão e pão de queijo e nem por isso deixamos de comer carne, salada, verdura, legumes.Não trocamos um pelo outro. Há algo de extremamente ruim no macarrão e pão de queijo? Devemos baní-los?

    Aguardo sua resposta.

    Abraços!

  6. otimo artigo..mais um dos grandes motivos pra se ter uma alimentaçao saudavel.pat tbm tenho duvida sobre o macarao e pao de queijo devemos bani-los?minha filha adora pao de queijo…ela te 1 ano 6 meses e ta bem dicil fazer comer salada(folhas) so comer se for cozido tipo conserva..beterraba,vagem..nao come nada cru..alguma dica??

  7. parabéns pelo artigo!!! Precisamos, sim, de mais motivação para nos controlar e dar bom exemplo aos nossos filhos, pois vivemos em uma sociedade (herdamos) que se reune, briga, conversa em torno de muita comida, e quanto mais molho e massa tiver melhor!!!! Hoje já temos boas alternativas, é só ser criativos, minha filha prefere a massa integral com um bom molho de legumes e uma carne, que o trdicional, quanto mais eu inventar, mais ela gosta. Hoje podemos substituir o que não presta!!!!!

  8. Pat,
    parabéns, adorei o texto!
    Já enfrentei inúmeras batalhas pelos meus filhos e claro que me importo com os comentários, mas ver o quanto a Ana Clara e agora o João Pedro gostam da BOA E SAUDÁVEL comida NÃO TEM PREÇO.
    Tem sido difícil mobilizar meu marido, mas tenho certeza que, com tempo e com a ajuda de vocês, ele mudará também seus conceitos.

    Obrigada sempre

  9. EU SOFRO TANTO COM ESSE ASSUNTO, POIS O MEU FILHO GUSTAVO É MUITO INTELIGENTE, MAIS INFELIZMENTE NÃO GOSTA DE SE ALIMENTAR, SÓ GOSTA DE PORCARIA, ELE TEM 3 ANOS JÁ ESTUDA, MAIS GOSTARIA DE UM JEITO PRA QUE ELE GOSTASSE DE ALIMENTAR

  10. AI, AI.. ao ler o artigo eu penso: quanto tempo perdido! Minha filha mais velha é uma formiga. Ela se alimenta bem, apesar de só comer verduras escondidas na comida. tem uma saúde de ferro e é inteligentíssima (até está uma turma adiantada na escola. Ela tem 4 e está na turma de 5 anos), mas , apesar de todas as boas coisas eu sei que se ela continuar preferindo chocolate (apesar de não ganhar sempre) à comida vai ter problemas sérios para o resto da vida. Como reeducar um paladar excessivamente doce? O bebe de 6 meses vai muito bem com as papinhas da Pat e este pretendo não errar na alimentação dele tão cedo.
    Obrigada Pat!!!
    Eu quero o seu livro que a colega Ana disse estar lendo. Qual é?

  11. Bom Dia Pat Feldman
    Li e tenho os livros do Dr Feldman, pq meu marido tem enxaqueca.Estou preocupada com meus netos quanto ao consumo de leite. Um deles tem 5 anos e bebe leite de caixinha, bem pouco aliás. A menorzinha de 1 ano e 2 meses ainda mama no peito. Eu mesma não bebo mais leite por causa da alergia respiratória, tosse, etc. Vamos ser realistas: não e possível conseguir leite cru confiável. Qual seria a alternativa menos ruim? O pior deve ser mesmo o de caixinha. temos receio de que leite de castanhas ou nozes provoque alergia.
    Um abraço,
    Thereza

Comentários estão encerrado.