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Alimentos Proibidos x Alimentos Permitidos

Desde que fazer dieta virou uma mania mundial, a cada dieta da moda que aparece vem junto uma lista com os alimentos proibidos e os alimentos permitidos da vez. Tem a lista por dietas, a lista por idades, por sexo, a lista do que pode ou não considerando alergias, intolerâncias e qualquer outra variável que você consiga imaginar.

A grande questão é: será que alguma dessas listas de alimentos proibidos e alimentos permitidos leva em consideração a origem e o modo de produção desses alimentos? No caso de alimentos já processados, será que leva em conta o método de preparo/processamento?

Eu não sei se você já parou para pensar nisso, mas a origem e o modo de preparo dos seus alimentos faz toda a diferença no fato dele fazer mal ou bem para você!!!

É claro que existe um grupo de pessoas, em qualquer idade, qualquer condição física ou qualquer condição social que realmente sofre com alergias ou intolerâncias, e isso é um caso muito sério, para ser tratado por um especialista, com todo o cuidado e atenção que o assunto (e o paciente) merece. Não vou entrar nesse assunto, isso é coisa para os especialistas!

O que eu vim tratar hoje é sobre o óleo de coco, que ontem era ruim, hoje é considerado bom, o arroz com feijão, que o pessoal acha que não pode faltar no prato, mas que o grupo da dieta “x” acha que não se deve consumir. Aí tem a bolacha, o chocolate, o leite, o pão (os dois últimos estão em alta, para o bem ou para o mal!)

O que eu quero que você reflita a respeito é que, a não ser que você tenha um problema sério de saúde envolvendo um alimento ou grupo de alimentos específico, você pode e deve comer de tudo, mas esse TUDO deve ser muito bem escolhido, muito bem preparado, a origem de cada ingrediente, o método de preparo de cada receita, de cada item, faz muitíssima diferença.

A frequência com que você consome os alimentos também fará toda a diferença no quanto este alimento fará bem ou fará mal.

Eu converso muito sobre isso com os meus filhos – nunca subestime a capacidade de entendimento das crianças! Como qualquer criança que vive no mundo, eles têm acesso a muita coisa, e no mundo dos alimentos eles têm sim contato com alimentos muito bons – porque eu faço questão – e também têm contato com muita porcaria, porque tem porcaria que é gostosa demais, porque eles vêm os amigos comendo, assistem propagandas na televisão e porque são curiosos, como é natural do ser humano.

Tenho alguns exemplos sobre alimentos/receitas onde o modo de preparo e os ingredientes envolvidos farão toda a diferença no quanto essa opção será ótima ou péssima para você e para qualquer um.

  • Um chocolate muito saudável contém apenas cacau e açúcar – de preferência pouco açúcar ou açúcar de coco. Já chocolates de grandes indústrias alimentícias são lotados de química para realçar o sabor, para aumentar o tempo de prateleira e baratear o processo. Na sua próxima ida ao supermercado, gaste alguns minutos analisando rótulos, você vai se surpreender ao notar que em lugar de apenas cacau e açúcar, a maioria dos chocolates populares tem por vezes mais de dez ingredientes em sua composição!
  • A linguicinha do churrasco é outro grande exemplo. Aquela do supermercado, baratinha e feita em grande escala pela indústria é sempre feita com carne de animais criados em confinamento à base de ração. Para baratear os custos, aumentar o tempo de prateleira e atender aos requisitos sanitários impostos, elas são lotadas de conservantes, corantes, emulsificantes, realçadores de sabor e outros “bichos”. Não acredita em mim? Leia o rótulo do que tem no supermercado!! Já uma linguiça boa de verdade, feita em casa ou artesanalmente porque quem saiba fazer, é feita com carne de animais criados soltos, que se alimentam de forma natural e peguem sol. Na composição da linguiça, só ervas e condimentos naturais, e como conservante apenas um bom freezer – congelamento é definitivamente um método bastante eficiente de preservar alimentos por mais tempo!
  • O feijão de todos os dias, mesmo feito em casa, pode sair muito ruim (e não estou falando do gosto dele, viu!) se você não tomar os devidos cuidados: deixar de molho, cozinhar lentamente por várias horas em caldo de carne caseiro e temperos naturais é fundamental, mas há quem não saiba disso ainda e não deixa de molho, cozinha a jato em panela de pressão e tempera com cubinhos de tempero artificiais. Feito em casa do mesmo jeito, suja louça do mesmo jeito, e não fica nada saudável!
  • Até o mal afamado lanche de hamburguer com batatas fritas pode ficar muito mais saudável (e delicioso) se você preparar em casa, usar carne de boa procedência, sem aditivos, um pão de fermentação natural e ketchup e mostarda caseiros (as minhas receitas, já publicadas aqui no site, inclusive são probióticas!)
  • Fritura é sempre fritura, um excesso incrível de gordura, mas como é uma delícia, as vezes a gente quer comer e pronto. Se feitas com óleos refinados, altamente processados, como soja, girassol, canola, algodão, entre outros, certamente farão muito mal. Menos mal, mas ainda assim necessário com muita moderação, é a fritura em gordura de coco, que é um óleo estável que aguenta altas temperaturas sem se oxidar.

Será que esses exemplos são suficientes para mostrar o quanto procedência e modo de preparo podem fazer toda a diferença no seu prato?

Reflitam sobre isso Atrevam-se a fazer escolhas melhores na hora de comprar seus alimentos. Arrisquem-se em técnicas culinárias mais cuidadosas. Saia da sua zona de conforto e mude, mude para melhor!

Ah, e lembre-se que mesmo alimentos considerados verdadeiramente saudáveis podem não fazer tão bem a algumas pessoas, podem não ser do gosto de algumas pessoas, e isso tem que ser respeitado.

Se você realmente precisa restringir alimentos – não importam os seus motivos -, faça-o de uma forma leve, pense muito bem nas substituições, para não cair em armadilhas depois. Comer bem é remédio sim, mas acima de tudo, comer bem é prazer!!

Quem é a Pat FeldmanPat Feldman

Pat Feldman é culinarista, criadora do Projeto Crianças na Cozinha (www.criancasnacozinha.com.br), que visa difundir para o grande público receitas infantis saudáveis, saborosas e livre de industrializados. É também autora do livro de receitas A Dor de Cabeça Morre Pela Boca, escrito em parceria com seu marido, o renomado médico Alexandre Feldman.

3 comentários

  1. Eu acompanho o seu site há muitos anos e amo!
    Eu tentei dar pro meu filho uma alimentação super saudável, consegui até seus 2 anos. Infelizmente depois tem a sogra, a mãe, os tios…. que tentam de qualquer forma dar o que você abomina e, na maioria das vezes, a criançada ama!
    Eu não compro besteiras em casa, assim ele acaba comendo mais frutas por falta de opção. A única coisa que consegui foi com que meu filho não gostasse de refrigerante, e olha que minha sogra tentou fazê-lo gostar!
    Sempre que posso, sigo suas dicas. Passei a olhar os rótulos e não consigo comprar a maioria dos alimentos por tantos conservantes, realçadores… dá nojo!
    Obrigada pelas dicas que compartilha aqui!
    Bjos.

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