Que as pessoas vem comendo cada dia pior é um fato. A farta (e barata) oferta de produtos alimentícios altamente processados aliada à eterna falta de tempo que todos alegam (e que é real) faz com que as pessoas comprem e consumam cada vez mais esse tipo de “alimento”, e inclusive os ofereça a seus filhos.
Hoje tem tudo, praticamente tudo, em versão “longa vida”, daquelas coisas comestíveis que duram meses numa prateleira não refrigerada e que não tem cheiro nem gosto de nada.
Aí que uma das piores consequências disso, na minha opinião, é que as crianças (e muitos adultos) simplesmente não conhecem mais o que é um alimento fresco, não sabem mais que cara tem comida de verdade. E isso é muito mais do que não saber cozinhar, a pessoa simplesmente não conhece, não tem a menor ideia!!!!
Eu dou uma risadinha, mas até entendo que uma pessoa que não tenha muita familiaridade possa confundir salsinha com coentro – elas se parecem, apesar do perfume ser completamente diferente -, também dá pra confundir alguns tipos de alface com escarola. Mas eu acho grave, gravíssimo, uma criança olhar uma berinjela ou uma mandioquinha ou uma abobrinha e não ter a menor ideia do que seja aquilo!!!! Parece chocante, mas acontece…
Seu filho sabe o que anda comendo?
Seu filho não precisa gostar de tudo, ninguém precisa, mas a gente precisa conhecer a comida, precisamos conhecer os ingredientes que comumente se usa numa cozinha.
O caso mais grave de que tive notícia foi mostrado num programa do Jamie Oliver há alguns anos atrás: ele mostrava uma batata crua, com casca, a um grupo de alunos e simplesmente nenhum deles sabia o que era aquilo!!!!!! E quando mostrou a imagem de um saquinho de batatas fritas, todos identificaram a batata… Vocês acham mesmo que isso também não acontece por aqui?
Como eu disse, nem você e nem seu filho têm obrigação de gostar de tudo, mas frequentar uma feira livre semanalmente pode ensinar muito e pode inclusive ser um ótimo estímulo para desbravar novos sabores.
Os meus filhos começaram a ir à feira comigo desde os primeiros dias de vida. Um bebezinho pode não entender o nome dos alimentos, pode não saber direito onde está, mas esse bebezinho certamente tem uma boa visão e um bom olfato, e levá-lo à feira certamente estimula esses sentidos! Ele sente o perfume das frutas e verduras, se encanta com as infinitas cores da comida fresca e começa a ganhar familiaridade com tudo isso, e você também!
Quando eu comecei a frequentar a feira semanalmente, há vários anos atrás, eu também não conhecia tudo o que via por lá, e até hoje ainda me deparo com coisas diferentes e nessa hora não precisa ter vergonha: pergunte ao feirante o que é, como se usa, se é gostoso, se é amargo, se é azedo, se ele sabe das vitaminas, etc. Em geral, especialmente em feiras orgânicas, quem está ali te vendendo o alimento é o próprio produtor, e ele sempre conhecer um bom tanto sobre aquilo que produz – claro que estou falando do pequeno e médio produtor, porque daqueles grandes, imensos produtores industriais eu quero distância, e esses passam longe da feira e, em muitos casos, passam longe daquilo que produzem (eles sabem melhor do que ninguém o quanto a agricultura industrial é péssima em vários sentidos).
Essa experiência de levar bebes e crianças pequenas à feira pode ser muito divertida e você também vai aprender a comer alguma coisa nova, eu tenho certeza!!!
Tem um “causo” bem engraçado que aconteceu comigo e meu filho mais velho!! Quando ele era bem pequeno, sempre que íamos juntos na feira, ele ainda no carrinho, passávamos pelas bancas apontando e falando o nome de tudo para ele, e eis que chegou a vez do quiabo!!! Gente, ele amou o nome quiabo e morria de dar gargalhada cada vez que ouvia, bem na época em que estava aprendendo a falar, e repetia “queabo, queabo, queabo”, e morria de rir!!! Mas como eu nunca tinha comido quiabo na vida (trauma de infância da minha mãe), nem cogitava em comprar, até o dia em que ele, inconformado, começou a chorar e pedir “compa queabo”, e eu comprei!
E aí tinha a tal da baba que eu descobri que o quiabo tem, e tinha a receita, que eu não tinha a menor ideia de como preparar o quiabo, e eu fui pesquisar!!! As duas primeiras tentativas foram um fracasso, o quiabo ficou amaro, com uma aparência medonha e eu quase desisti, mas toda semana ele pedia mais “queabo”… Aí eu resolvi fazer sem receita, do meu jeito, e refoguei o quiabo fatiado beeem fininho junto com a carne moída, e aquilo ficou tão perfumado, o pequeno comeu com tanto gosto, que até eu resolvi experimentar, e adorei!!!!
E é lindo que hoje em dia meus dois filhos, que já não vão à feira comigo todo fim de semana, mas vão de vez em quando, conhecem a maioria dos ingredientes, pedem por aqueles que eu fico um tempo sem comprar e aproveitam muito bem cada um deles!
E conhecer a comida de verdade não é só bonito, não é só legal, mas é um presente para a vida toda: seu filho vai se acostumar a frequentar locais onde se vende comida fresca, vai aprender a lidar e a preparar comida do zero e certamente será muito mais saudável!!!!
Por essas e outras é que eu digo: troque o supermercado pela feira para comprar a sua comida e leve seus filhos junto. É um momento bem gostoso que se passa em família e é um presente para o futuro deles!
Adorei seu blog. Vou tirar um tempo para ler ele todinho. Posso linkar seu blog ao meu?
Pode, claro!
Querida Pat,
Seu texto me lembrou este meu aqui: http://www.papodehomem.com.br/feira-de-rua-or-lugares-2
Também acho que lugar de comida é na feira. <3
Adorei, Isabella!!
Quiabo aqui em casa é o prato principal!! Ele é muito versátil, adoramos! Costumo dizer que é uma das verduras mais nobres da feira, pois pago R$ 10,00 no kg. rsrs
Sou feliz por levar minha bebê à feira toda semana, dou todo tipo de fruta e ofereço a pamonha “pescada” direto do caldeirão.
Adoro ir à feira com a família, meu filho de 3 anos adora comer pamonha da feira! Mas infelizmente aqui onde moro (Londrina PR) não temos feira de orgânicos… então temos que recorrer a alguns mercados mesmo, que é onde encontramos com mais facilidade os orgânicos.
Já acompanho seu blog há algum tempo e gostaria de agradecer porque foi também através daqui que tomamos a consciência e a decisão de, um passo a cada dia, ter uma alimentação cada vez mais livre de industrializados e mais rica em sabor e saúde. Também gostaria de linkar seu blog ao meu.
Ah…. minha mãe e meu pai me levavam a feira quando eu era criança!! Quanta lembrança boa!! As cores, os cheiros, o barulho, o movimento das pessoas, os sabores quando a gente provava alguma fruta. Hoje entendo como isso foi importante pra formação do meu paladar e do meu ser. Experiência rica! Hoje em dia só vou a hortifruti mesmo. Acho que voltarei a ir a feira (se encontrar uma).
Adoro seu trabalho Pat. Sou fã.
Abraços pra vc e seus filhos!
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