Alimentação ARTIGOS

Cuidado com o que você coloca no seu carrinho de supermercado…

Essa semana está a maior correria para mim: estou começando mais uma “reforma de cozinha”, e desta vez uma cozinha fora de São Paulo, aliás beeeeeem longe daqui. A cozinheira dessa cozinha, gravidinha, veio passar a semana toda aqui comigo para aprender em ritmo acelerado todo o principal, para depois continuarmos a manutenção via telefone, internet e até por carta, se precisar. Ao final da programação eu vou até a casa dela, longe daqui, para ver se tudo ficou nos conformes e se restou alguma dúvida.

Hoje foi dia de treinamento no supermercado. Tudo o que eu entendo como saudável, como comida de verdade, pode ser comprado em feiras livres e/ou preparado em casa, mas nem todo mundo tem tempo ou disposição de preparar o que precisa em casa, portanto gosto de mostrar opções mais práticas que podem ser compradas prontas no supermercado, o que facilita muito, afinal queremos ser saudáveis, mas não é por isso que não precisamos aproveitar certas comodidades da vida moderna.

O que vimos – alimentos e produtos alimentícios absolutamente comuns – poderia ter sido visto em qualquer supermercado, de qualquer cidade do Brasil ou do exterior, mas eu escolhi a Casa Santa Luzia pela proximidade do local da hospedagem dela aqui em São Paulo.

Ela e as acompanhantes que participaram da aula de hoje ficaram abismadas (junto comigo, que ainda não me acostumo com tanta porcariada disfarçada de saudável) com a dificuldade de encontrar nas prateleiras alimentos que deveriam ser apenas aquilo que são.

Os exemplos mais gritantes de hoje foram o iogurte natural integral e o molho shoyu. Um verdadeiro iogurte natural integral não precisa ter mais do que leite integral e fermento lácteo (lactobacilos específicos) em sua composição. Mas você já leu os rótulos dos iogurtes disponíveis no mercado? Os melhores são feitos com “leite integral reconstituído, leite em pó desnatado e fermento lácteo”. E esses são os melhorzinhos…

Aquela tal marca famosa, do potinho verde, que lança o desafio para a melhora da função intestinal com lactobacilos exclusivos e “de grife” é a pior de todas!!!!! Sua versão “original”, que nos leva a pensar num simples iogurte natural integral, contém xarope de glicose, “preparado de mel” (não consigo imaginar o que seja isso) e uma porção de aditivos químicos impronunciáveis…

Eu nunca tinha parado para prestar atenção nesse produto, e até cheguei a consumi-lo diversas vezes, até uma conversa descompromissada de outro dia. No mesmo dia da conversa, estava no mercado e resolvi espiar o rótulo do tal potinho verde. Me senti totalmente enganada!!!

Sim, acredito que o produto contenha os lactobacilos que anuncia, acredito que ajude muita gente a melhorar a função intestinal e tudo mais. O que me deixou indignada foi o termo “original” que se lê no rótulo e nos leva a crer que estamos consumindo um produto em seu estado original, portanto isento de açúcar e outros aditivos. Mas na verdade, dentre  todos os que vi no mercado, esse era o menos natural de todos, nada original e ainda por cima repleto de açúcar!

O shoyu também foi um problemão. Não achei um único totalmente natural. Eu já falei em outra ocasião sobre o shoyu que usava aqui em casa, e até essa marca deixou de ser “natureba” de verdade…

Eu sempre falei que shoyu bom é aquele fermentado naturalmente, e isso deve estar especificado no rótulo. Pois é, parece que a indústria descobriu que o consumidor está ficando mais informado e cuidadoso, e resolveu “enfeitar” seus rótulos de shoyu com o termo naturalmente fermentado. Pois é (de novo), agora não basta ser naturalmente fermentado (se é que é mesmo). TODAS as marcas da prateleira continham, além de soja fermentada, água e sal, aditivos de arrepiar os cabelos: açúcar, xarope de glicose, milho, trigo, corante caramelo, glutamato monossódico (e um “primo” dele, do qual não me recordo o nome), etc…

Aí a pobre pessoa, distraída e desinformada, olha a prateleira, lê que o tal shoyu é naturalmente fermentado e compra feliz da vida, achando que está comprando coisa boa…

Poxa, esse tipo de coisa me deixa muito preocupada!!!!!!!

Escrevi tudo isso porque me empolguei, mas na verdade a boa notícia é que nessa mesma Casa Santa Luzia eu achei salmão selvagem. Sim, um salmão pescado e não criado em cativeiros à base de ração e corante. Sim, um salmão que é realmente rico em ômega 3 (má notícia: salmão de cativeiro praticamente não contém ômega 3). Comecei a escrever uma receita com esse salmão ontem a noite.

A idéia era que o presente texto fosse apenas uma introdução à receita do tal salmão, mas o que era para ser a introdução virou um artigo inteirinho!!! Um casal de amigos chegou para jantar conosco ontem à noite (a peça de salmão era enorme!), batemos papo, tomamos um pouco de vinho e eu, morta de sono, fui dormir sem publicar as dicas do supermercado.

Portanto publico agoras as dicas, acima, e para amanhã a receita do salmão, que ficou divino!!

Quem é a Pat FeldmanPat Feldman

Pat Feldman é culinarista, criadora do Projeto Crianças na Cozinha (www.criancasnacozinha.com.br), que visa difundir para o grande público receitas infantis saudáveis, saborosas e livre de industrializados. É também autora do livro de receitas A Dor de Cabeça Morre Pela Boca, escrito em parceria com seu marido, o renomado médico Alexandre Feldman.

26 comentários

  1. Pat,

    Adoro seu blog e entro quase todo dia!!Ja tentei achar seu livro mas continua esgotado!!!! Comecei a mudar minha alimentaçao recentemente e confesso que supermercado é um MEGA desafio…vc ja pensou em publicar uma lista com as marcas que vc gosta e sabe que sao boas?? Tenho certeza que ajudaria muita gente!! Hehe agora sobre o tal iogurte do potinho verde…nunca gostei!!! Achei um da taeq que é organico..mas…é desnatado….bjao e parabens pelo site!

  2. Pat,
    A Vera Falcão indicou na comunidade do orkut “Fora do Manual” o molho shoyo e o missô orgânicos certificados da família Hattori. Esses produtos são fabricados e vendidos no Rio Grande do Sul em uma feira orgânica. Aqui no Rio de Janeiro são vendidos no Restaurante Vegan Vegan (Rua Voluntários da pátria, 402 botafogo – Loja B Fone: 2286 7078)e no Herborista Produtos Naturais (Rua barata Ribeiro, 407 loja A copacabana fone: 21 2547 1555), o vidro de missô (500 gr) custa cerca de R$ 18,00 e o vidro de shoyo ( 250 ml) cerca de R$ 12,00. Contato http://www.familiahattori.com.br / familiahattori@familiahattori.com.br
    Produto orgânico certificado e de fermentação natural. Nem posso descrever a minha alegria quando descobri tão pertinho de casa onde encontrar esses tesouros. Minha satisfação foi ainda maior quando finalmente preparei meus pratos e utilizei molho shoyo e missô verdadeiros!
    A Vera também indicou o molho shoyo do prof. Kikushi (11) 3242-9738, que tem um restaurante em São Paulo – http://vidasimples.abril.com.br/subhomes/comer/comer_238199.shtml
    O restaurante metamorfose no Rio de Janeiro vendia o produto do prof. kikushi, mas liguei para lá (021 – 2262-6306) e o produto estava em falta.

  3. Acredito que os produtos Hattori sejam vendidos também em outros Estados, além do RS e RJ, seria o caso de mandar um email para saber.

  4. Oi, Pat!
    Se você tem dificuldade de encontrar algo bom em mercados aí em SP, e mesmo na Casa Santa Luzia, imagina no resto do Brasil!
    Os mercados de SP ainda tem mais opções e público maior de orgânicos e naturais.
    Gostei das dicas da Elaine.
    E tb da sugestão da Luiza. Seria bom saber logo as marcas que foram aprovadas.
    Bj,
    Iana.

    1. Iana, uma grande cidade como São Paulo tem uma série de vantagens, mas tem muitas restrições também! Uma fazendinha ou sítio por perto é artigo de luxo, horta em casa então, nem pensar! O interior pode ter menos ofertas, mas procurando com afinco pode se encontrar excelentes oportunidades. E sempre se pode pensar em pequenas substituições, afim de se consumir o máximo de produtos locais.

  5. Olá, Pat, me senti exatamente como você quando, em julho, iniciei minha dieta antienxaqueca com o Dr. Alexandre. Fui ao supermercado determinada a seguir rigorosamente as instruções da consulta e saí de mãos vazias (e carrinho também). Como tenho o hábito de ler os rótulos (apesar de até então fazê-lo inocentemente), me deparei logo de cara com o tal glutamato no shoyo, apesar da notícia de ser shoyo fermentado naturalmente, até corante caramelo tinha lá. Não comprei.
    Encontrei na prateleira de orgânicos um molho de tomate 100% natural achei estranho e li, tinha glutamato, conservantes naturais?????, e outras sutis misturas.
    O pior de tudo, o iogurte, que seria minha única salvação para o café da manhã transformado radicalmente pelo Dr. Alexandre era natural, integral, mas o rótulo dizia que tinha leite em pó modificado e pasmem, realçador de sabor “nata”.
    Como achei seu livro num Sebo em Perdizes, fiz meu próprio iogurte este sim natural integral e conheço até a dona da vaquinha leiteira.
    Obs: não encontrei água sem fluor adicionado, conhece alguma marca?
    Um forte abraço,
    Cintia Piro

    1. Cintia, eu fico arrepiada quando penso o quanto estamos cercadas de porcarias por todos os lados, sem escolha. tento não neurotizar, é claro, mas evito como posso, ou pelo menos minimizo o contato com essa química toda. Nossa saúde agradece!

      Para uma água sem fluor o ideal é instalar na tua casa um filtro de osmose reversa, que se encontra no mercado com uma certa facilidade, mas que é beeeeem caro. Eu estou tomando coragem e juntando meus trocadinhos para investir em um quando der…

  6. Bom Dia a todos,

    Alcaparras – gosto de alcaparras e sempre as comprei no supermercado sem cumprir o mandamento número 1 do Dr.Feldman – ler SEMPRE o rótulo do que estiver comprando, mas em quase 3 anos de dieta eu nunca li até que nas compras do mês passado resolvi fazê-lo. SURPRISE! há alcaparras com conservante, alcaparras em água e vinagre e alcaparras em água cujo consumo após o vidro aberto ser vapt vupt.
    E elas me pareciam tão inocentes, inofensivas…

  7. Olá Pat!!! Tenho a mesma sensação que você, me sinto enganada. Tenho hábito de ler os rótulos e os produtos que se
    “rotulam” de natural, fermentado, etc é uma grande falsidade. Acredito que essas constatações tratam-se de propagandas enganosas e pode ser o caso de denunciarmos para o Procon ou para outro órgão competente.

  8. Poxa vida, è tão difícil mesmo comprar coisas saudáveis hoje em dia…
    Meu filho como merenda come sempre um iogurte de frutas feito por mim. E geralmente sou eu que faÇo o iogurte natural, mas quando calha de ter que comprár-lo (o iogurte natural), encontro, na Itália, o iogurte puro e simples, sem adição de nada (açúcar ou outros ingredientes inúteis).
    Vim passar 03 meses e meio no Brasil e simplesmente nao consigo encontrar um iogurte que preste! Tem tanta coisa dentro que parece tudo, menos um iogurte natural…
    Me deem uma dica de como encontrar aqui em São Paulo/Capital, um lugar onde vende iogurte natural de verdade.
    Abraços e obrigada!

  9. Se o mundo fosse perfeito, existiria um Wholefoods em cada quarteirão do Brasil né…me sinto como criança em parque de diversões quando entro lá…mas dá uma tristeza entrar no mercado no Brasil depois :(

  10. amei esse artigo, outro dia também tomei um iogurte que estava escrito no rótulo sabor mel e fiquei toda feliz, até que resolvi ler o rótulo e tinha escrito: preparado de mel, que diabos será isso!!!! tá difícil Pat Feldman mas vamos seguindo. Adoro seu blog e compartilho muito da sua opinião em relação a alimentação, a propósito onde vc acha leite cru ?
    bjos

  11. Agradeço imensamente por responderem minhas dúvidas (apesar de não tê-las perguntado diretamente a vocês) e não me fazer sentir um ET, pois entro no supermercado e não consigo encontrar nada, mas nada mesmo de “natural, saudável, orgânico”, e etc, que vá nos alimentar sem deixar os efeitos colaterais e as toxinas químicas.
    Aqui em BH está difícil de conseguir coisas fresquinhas, originais, sem conservantes como as carnes, ovos, leites (q já não posso beber…), verduras, leguminosas… etc…
    Vou agora começar uma desintoxicação alimentar e com certeza espero ficar mais disposta e sem estas alergias horríveis como as respiratórias, de pele, dores pelo corpo inexplicáveis.
    Adorei as idéias dos caldos caseiros e agora visitarei sempre vocês.

    Abraços Cibele

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