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Por que sofremos tanto com alergias nos dias de hoje?

Screen Shot 2015-05-22 at 7.20.23 PMNão precisa pesquisar muito, um bate papo na porta da escola com outras mães já mostra que hoje em dia vivemos uma epidemia de alergias e intolerâncias alimentares – entre crianças e adultos, a idade não importa. Alergia aos ovos, alergia ao glúten, proteína do leite, intolerância à lactose e até alergias e intolerância a itens “tecnicamente” saudáveis, como frutas, verduras e legumes.

Mas afinal, o que temos de tão diferentes dos nossos antepassados, que nos faz sofrer muito mais com esses males do corpo?? Será que nós mudamos, ou será que o meio em que vivemos e a comida que comemos é que mudou?

A resposta na verdade é bastante simples, e está totalmente relacionada com antigos hábitos, que sumiram da vida moderna.

1) Costumávamos comer comida de época.

A nossa comida vinha de fazendas e pequenos mercados no início dos anos 1900, e porque quase não se usava conservantes na comida, ela era quase sempre fresca. Graças à quase ausência de produtos alimentícios industrializados, as dietas eram muito mais densas em nutrientes, de modo que sem fazer força, as pessoas eram muito mais bem nutridas. Para os bebês, o leite materno era sempre a opção número um.

2) Ninguém fazia dieta ou enlouquecia o metabolismo com restrições malucas. Se comia comida quando ela estivesse disponível.

Nossos bisavós não eram vítimas de dietas da moda, marketing, contagem de calorias e outros hábitos dietéticos tão em voga nos dias de hoje – graças ao mareting. Sem dietas malucas e sem industrializados, a chance de se ter um metabolismo saudável e não sofrer com ataques de gula era mínima.

3) A comida era feita em casa, do zero, através de métodos tradicionais de preparo.

Comprar produtos alimentícios altamente industrializados não era uma opção, isso mal existia, e comer fora era um luxo raro. Uma sorte, esses hábitos fazem muitíssimo bem à saúde!

4) Não se comia alimentos geneticamente modificados, agrotóxicos, aditivos artificiais, estabilizantes e espessantes.

Os alimentos não eram tratados com tantos aditivos, hormônios e antibióticos para aumentar o tempo de prateleira e aumentar os lucros às custas da saúde do consumidor.

5) Os animais eram completamente aproveitados na alimentação, incluindo os caldos à base de ossos e as carnes de ossos e vísceras.

Os ossos dos animais eram reservados para o preparo de caldos e sopas e as carnes de órgãos e vísceras sempre ocuparam lugar de destaque nas refeições. Esses alimentos eram altamente valorizados por suas propriedades medicinais e jamais eram desperdiçados.

6) Ninguém ía ao médico por “qualquer coisa”. As visitas ao médico só aconteciam em casos realmente graves e necessários.

Não existia ir ao médico por qualquer tosse ou febrinha. Quando alguém se sentia indisposto ou enfraquecido antigamente, a recomendação era repouso, e eles comiam muitas sopas e caldos caseiros. As pessoas conheciam e acreditavam no poder de cura do próprio corpo. O alimento era o remédio, e isso era simplesmente natural. Não digo que com isso os médicos sejam desnecessários, que fique bem claro! Mas noto um exagero de idas ao médico o qualquer “ai!”.

7) Se passava muito mais tempo ao ar livre.

Nossos bisavós não tinham computador, televisão, iPad, iPhone e videogames que os prendia dentro de casa por horas a fio. Para se divertir e se distrair eles saiam para passear a pé, tomavam banho de rio, ficavam no sol, brincavam no sol. Ar livre e sol!

E o que isso tudo tem a ver com alergias alimentares?

O que comemos afeta TODAS as células do nosso corpo. A saúde das nossas células depende totalmente da nossa dieta e do nosso estilo de vida. As células formam tecidos, tecidos criam órgãos e nós somos um conjunto de órgãos. Se a sua alimentação é inadequada, a integridade de cada célula, tecido e órgão vai sofrer, o que pode lhe tornar sensível a certos tipos de alimentos, especialmente alimentos que não são comida de verdade, e sim produtos alimentícios altamente processados.

Não é que alergias e intolerância sejam “frescura” ou “invenção”, elas realmente existem e podem ocorrer inclusive em quem tem uma boa alimentação, mas o fato é que a alimentação cada vez pior e cada vez mais baseada em produtos alimentícios artificiais certamente colabora muitíssimo para o aumento das alergias e intolerâncias.

Se o seu filho ou você já sofre com o problema, a melhor saída é evitar ao máximo alimentos processados e sempre que possível dar preferência a alimentos orgânicos.

Atualizando…

Como parece que para algumas pessoas eu não fui totalmente clara em minhas colocações, vou explicar melhor:

Se o seu filho ou você já sofre com o problema, a melhor saída é evitar ao máximo alimentos processados e sempre que possível dar preferência a alimentos orgânicos. Ainda que orgânico, ainda que não processado, se um item da dieta é reconhecidamente o causador da alergia, evite-o completamente!!! 

A recomendação para evitar alimentos industrializados cheios de aditivos e dar preferência a orgânicos de modo geral não é garantia e muito menos promessa de cura de uma alergia, mas esse cuidado certamente desintoxica o organismo e pode colaborar com a melhora do quadro, e com ou sem alergia, consumir ‘comida de verdade’ é sempre uma ótima opção para a saúde!!

Você pode fazer tudo certinho, comer bem, dormir bem, ficar ao ar livre e ter uma vida ótima e ainda sim ter alergias, até porque existem outros fatores que influenciam na nossa saúde, algumas vezes fatores que não conseguimos controlar (genética, poluição do ar, etc), mas é sim fundamental observar a qualidade do que se come para que o organismo não se intoxique ainda mais e piore o quadro.

E mais uma vez, para ficar claríssimo: existem até itens bem saudáveis que podem ser causa de alergias, o que o torna proibido na dieta de quem a tem. Se você sabe o alimento que lhe faz mal ou a seu filho, evite-o completamente, seja ele orgânico, natural ou o que for!!!!!

Quem é a Pat FeldmanPat Feldman

Pat Feldman é culinarista, criadora do Projeto Crianças na Cozinha (www.criancasnacozinha.com.br), que visa difundir para o grande público receitas infantis saudáveis, saborosas e livre de industrializados. É também autora do livro de receitas A Dor de Cabeça Morre Pela Boca, escrito em parceria com seu marido, o renomado médico Alexandre Feldman.

2 comentários

  1. Excelente explicação! Ainda bem que existem pessoas com conhecimento e capacidade de transmitir ao outro de uma forma concisa e bastante clara. Obrigada.

  2. A minha filha tem 10 meses, aos 4 meses tentei dar o composto lacteo NAN ela vomitou tudo. Tentei com outros, ela sempre vomitava, ate o ninho e o danoninho.

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