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Segura o bebê!

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Num dos meus “passeios” pela internet, acabei encontranto esse texto da Tania Menai, e como ele vai muito de encontro ao que eu penso sobre babás e o exagero de dependência que muitos brasileiros têm por estas profisisonais, resolvi transcrevê-lo aqui para vocês.

Mas que fique claro: não sou contra babás, mas sou contra ter filhos e deixar a criação aos totalmente aos cuidados de terceiros. Mas que também fique claro que – mesmo não concordando – respeito as opções de cada um. Cada um sabe onde o calo aperta…

Pais americanos interagem muito mais com seus
filhos do que os brasileiros. Babá só em último caso”

Tania Menai, de Nova York

Domingo no Riverside Park, um parque lindo no Upper West Side. Um amigo carioca que mora ali, empurrava sua filha de três anos no balanço. Ao redor, crianças e pais. Aliás, mais pais do que mães. E nenhuma babá. E este foi nosso papo: o excesso de babás no Brasil. Herança clara da casa grande e senzala.

Meu pai diz que para enxergarmos melhor nossas situações precisamos vê-las de fora para dentro. Pois daqui, olhamos o Brasil de fora. E a questão babá é papo de todas as rodas, principlamente quando surgiu uma palavra surrealmente nova: folguista. What? Não suficiente em deixar as crianças com babás a semana toda, os pais ainda colocam alguém entre eles e os filhos, mesmo estando em casa? Segundo meu pai, as famílias brasileiras estão terceirizando a educação. Concordo. No Brasil, é comum ver pais, filhos, avós e…as babás.

Pergunta: para quê cinco adultos para cuidar de uma ou duas crianças? Resposta: “ah, para podermos conversar”. Oras, se há dois, três, quatro adultos, não pode haver revezamento? Ao brincar, alimentar, dar banho e até ao trocar fralda, rola uma interação e educação sem preço. Sem isso, todos perdem.

Naquele domingo, antes de ir ao parque, tomamos brunch no Popover Café: meu amigo, sua esposa, a filha, e o bebê, de três meses. Em nenhuma mesa havia babás. A presença de uma babá só é requisitada na ausência dos pais. Com isso, as crianças daqui aprendem a se comportar em lugares públicos, sabem arrumar a cama, amarrar o sapato, tirar o prato da mesa. Nada disso é visto como castigo. Neste contexto, o argumento “babá é tão barata no Brasil que vale a pena” é balela.

Numa palestra que o Júnior, líder do AffroRegae, fez em Nova York, alguém perguntou o que se poderia fazer para melhorar a situação da violência no Brasil. Ele disse: “não tire as mães das favelas à toa. Pague a elas salários melhores para que elas possam cuidar mais de seus próprios filhos”. O mesmo vale para as mães do asfalto.

Endereços –
Riverside Park – ônibus M5 ou Linhas 1, 2 e 3 do metrô, entre as estações 72 e 116.
Popover Café – Rua 87 com Avenida Amsterdam. Tel. (212) 595-8555 www.popovercafe.com

Quem é a Pat FeldmanPat Feldman

Pat Feldman é culinarista, criadora do Projeto Crianças na Cozinha (www.criancasnacozinha.com.br), que visa difundir para o grande público receitas infantis saudáveis, saborosas e livre de industrializados. É também autora do livro de receitas A Dor de Cabeça Morre Pela Boca, escrito em parceria com seu marido, o renomado médico Alexandre Feldman.

2 comentários

  1. Eu vivo aqui nos Estados Unidos, e posso te afirmar uma coisa, não se usam muitas babás aqui, por que é muito caro. Sabe o que fazem muito? Contraram Au pair, e a maioria é brasileira.

    São moças que se cadastram em uma empresa que abrange o mundo todo, e vem por um período de 2 anos para “estudar” inglês nos EUA, enquanto ajudam famílias a tomarem conta de seus filhos, ganham uma ajuda de custo, que gira em torno de +/- 250 dólares por semana.

    Aqui se transformam em uma espécie de empregada doméstica, já que fazem de tudo, faxina, comida, lavam roupa, etc.

    Apesar delas viverem na casa dos hostess, e com alguma liberdade, a maioria prefere voltar para o Brasil ao término deste tempo ou ficar por aqui de forma ilegal mas trabalhando em outra coisa.

    Para as familias americanas sai muito mais barato do que contratar uma babá, já que este custo sai por mais de 2 mil dólares por mês.

    Eu também não sou a favor de babás, prefiro ficar com meu filho, mas a maioria das famílias que não tem babá, é porque um dos pais fica em casa, ou então deixam seus filhos em creches (que dá quase no mesmo).

    Eu concordo com a idéia de aumento de salário no Brasil, de vê-lo de uma forma diferente, mas os Estados Unidos não é este paraíso.

    E no Brasil também, somente as famílias que tem poder aquisitivo podem fazer isso. Eu morava no Rio de Janeiro, na área nobre e achava o cúmulo ver a mãe junto com a babá (que empurrava o carrinho) levando o filho para passear. Para que a mãe? Para que a babá?

    Cadê o contato com o filho? Sei lá, acho estranho.
    Bom este texto, assim a gente pode debater este assunto.

    Abraços

  2. Adorei o post e concordo com tudo!!
    Desde a época da faculdade de Pedagogia, o meu professor de sociologia dizia que a Educação dos filhos estava sendo tercerizada.
    Não só por babás, mas também pela escola, que muitas vezes esquece do conteúdo para cuidar das crianças.
    Eu sou professora e durante muito tempo pude presenciar que certos cuidados que seriam responsabilidade da família, acabavam ficando com a escola, não só com crianças pequenas, também com as maiores.
    Os pais não me procuravam para discutir problemas de aprendizado ou saber como os filhos estavam se desenvolvendo intelectualmente. Me procuravam para falar da roupa que foi suja, do prendedor do cabelo que perdeu, para não deixar o filho perto de tal amigo, para observar como estava comendo, assoando o nariz, etc.
    Muitas coisas atrapalhavam o conteúdo, pois tinha que parar tudo para limpar a camiseta da criança que se sujou.
    Acho o cúmulo quando vou ao shopping e vejo os pais no “mundo deles” e as crianças com babás. As crianças já ficam o dia todo na escola durante a semana e aos finais de semana não ficam sozinhas com os pais.
    Vínculo com pai e mãe é tudo na vida do ser humano, é o que nos dá confiança para enfrentar a vida e ter aonde voltar.
    E a criança tem que saber se comportar em meio de adultos, restaurantes, etc.
    Adorei o post
    Um grande beijo,
    kelly

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