ARTIGOS DIETA FELDMAN ANTIENXAQUECA MAIS...

Seja saudável e economize!

Já não é de hoje que eu penso, e falo para quem quiser ouvir, que hábitos de vida saudáveis podem nos economizar um bom dinheiro!

Se você pratica uma atividade física regular, dorme bem e se alimenta moderada e adequadamente, suas chances de ficar doente, pagar caro por planos “de saúde” (para mim deveriam se chamar “planos de doença”…) , médicos, exames e remédios diminui bastante.

Ainda que aparentemente você gaste mais com produtos orgânicos (sim, eles ainda são mais caros), você economiza quando deixa de entupir seu carrinho de supermercado de produos alimentícios industrializados que só fazem mal à saúde. As minhas contas de supermercado baratearam bastante nos últimos tempos, e só ficam caras quando eu me dou ao luxo de uma gostosura rara, como queijos artesanais muito especiais ou um bom vinho ou champagne (bem, mas isso é assunto para o meu pai entendido!).

Tudo isso para transcrever para vocês a notícia que acabei de ler no Financial Times (traduzida pelo UOL)

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As recompensas de uma vida virtuosa

Andrew Jack

James Baddeley pode não ter resistido à comilança festiva esta semana, mas está determinado a compensá-la, duplicando os exercícios que fará depois, para queimar as calorias extras. E ele tem um incentivo financeiro para fazer isso.

Ao caminhar pelo menos 12.500 passos quatro vezes por semana, medidos em um pedômetro que ele conecta ao seu computador, ele colaborou para ajudar a reduzir drasticamente os valores que paga por um pioneiro plano privado de seguro-saúde.

“Economizar é o que agrada à maioria das pessoas,” diz Baddeley, que temia os elevados prêmios de seguradoras privadas quando mudou de emprego e precisou passar a pagar sua própria cobertura. “Acho isso revolucionário. É um modelo que ainda pode ter muito mais milhagem.”

A caminhada freqüente é uma das formas com que a Pru Health, uma seguradora do Reino Unido, incentiva seus clientes a melhorar seu condicionamento físico; outra é subsidiando a inscrição em uma academia de ginástica. Os custos de cobertura de Baddeley acabam sendo bem menores e sua seguradora reduz seus pedidos de pagamento médico.

Sistema africano
O modelo – desenvolvido primeiro na África – está atraindo novos clientes e disseminando imitadores entre as empresas. Mas ele pode ter aplicações bem mais amplas para os governos em todo o mundo, que lutam com dificuldades para fortalecer programas de prevenção a fim de enfrentar os custos cada vez mais elevados da obesidade.

Shaun Matisonn, um atuário que dirige a Pru Health, uma joint venture entre a Discovery Health Care da África do Sul e a Prudential do Reino Unido, diz que o conceito começou no início da década de 1990, quando a Discovery tentou expandir sua base de clientes, dos brancos ricos locais para a maioria negra menos abonada.

“Estávamos tentando uma mudança: pagar pelo bem-estar em vez da forma atual, que é pagar pela doença,” ele diz. “E queríamos subsidiar [os custos com o tratamento de saúde das] pessoas mais pobres com os prêmios dos ricos.”

Mas as rígidas leis anti-discriminação da África do Sul trouxeram obstáculos extras às seguradoras privadas do setor de saúde: elas não permitiam nem recusar clientes tais como aqueles que eram soro-positivo para HIV ou tivessem outros custos mais elevados de tratamento, nem cobrar prêmios diferenciais para compensar.

O resultado foi o programa Vitality da Discover, que oferece incentivos para clientes dispostos a ajudar a si mesmos na mudança de seus padrões de alimentação e exercício ou deixar de fumar – e reduzir as contas com o tratamento de saúde de suas seguradoras no processo.

Os clientes da África do Sul que concordam com o check-up e seguem os conselhos de ter um estilo de vida mais saudável conquistam pontos saúde semelhantes aos programas de milhagem das empresas aéreas, que são válidos para troca em viagens aéreas, hotéis, descontos sobre produtos de consumo e até mesmo entradas de cinema.

O sistema criou outras dificuldades. A Discovery teve que repatriar 200 clientes depois que aqueles que haviam acumulado pontos para viajar pela Swissair ficaram em dificuldades quando a empresa foi à falência. Crianças convenceram seus pais a mudar para a seguradora, para que elas pudessem usar os pontos para ver o mesmo filme de Harry Potter mais de 12 vezes, criando inesperados desequilíbrios no portfólio de recompensas.

Mas uma análise recente de metade dos dois milhões de clientes sul-africanos da Discover sugere que dois terços se inscreveram no Vitality desde o seu lançamento em 1998. Os 15% de clientes que a empresa classificou como altamente engajados em programas de prevenção ficaram sujeitos a custos significativamente mais baixos, com menor quantidade de prescrições e menos custosas, menores taxas de admissão hospitalar e internações mais breves.

Seleção
Matisonn admite que exista o risco de “uma seleção privilegiada” de clientes que já estejam em melhor condição e comprometidos com um estilo de vida saudável, mas ele calcula que metade deles mudou seu comportamento por causa dos incentivos. Sua empresa tem condições de reduzir seus custos totais em tratamentos de saúde mesmo depois de levar em conta o custo dos pontos.

Outros concordam. A Virgin, que estava atuando na África do Sul, criou o “Life Care”, um programa associado às suas academias de ginástica nos Estados Unidos em parceria com a empresa de seguro saúde Humana. Ela calcula que 12% dos clientes mudaram para uma categoria a menos no índice de massa corporal, de obesos para “excesso de peso” ou de “excesso de peso” para saudável.

Jack Lord, vice-presidente sênior na Humana, diz: “Combater a obesidade de uma perspectiva de saúde pública é enfadonho. Isso vem da terra do ‘não’. Estamos tentando encontrar rumos diferentes. A instituição de recompensas e incentivos é natural para as pessoas. Elas precisam de algo que possam medir.”

Seu programa, com 80.000 clientes nos EUA, inclui o fornecimento de bicicletas, pedômetros e até mesmo “jogos de exercícios” com base em computadores, que incentivam as pessoas a dançar. Existem “jogos mentais” em telefones celulares para clientes mais velhos, com o objetivo de retardar os efeitos da senilidade; e a empresa está fazendo experiências com simulações em computadores para mostrar visualmente aos clientes os efeitos de uma vida mais saudável, sobre suas aparências e bem-estar psicológico.

A Discovery teve menos sucesso nos EUA, com dificuldades em 2000 para entrar no que Matisonn chama de “um mercado ferozmente competitivo” onde, sem a massa crítica de clientes necessários para negociar grandes volumes de descontos médicos, ela foi pressionada, enquanto as seguradoras concorrentes reduziam seus prêmios para tirá-la dos negócios.

Legumes valem pontos

Mas, no Reino Unido, Matisonn diz que o apetite é grande, com 140.000 clientes recrutados nos três últimos anos. A Pru Health oferece exames de colesterol e pressão sanguínea, assistência para quem quer parar de fumar e até mesmo pontos pela compra de frutas e legumes na J. Sainsbury, a cadeia de supermercados.

Alguns indivíduos como Baddeley são motivados pela redução de seus prêmios. Ele calcula que a despesa anual de sua família, se ele não adotasse atividades de condicionamento físico, teria sido de 1.980 libras – como nas outras empresas privadas de seguro saúde. Mas ao completar todas as atividades saudáveis, a fim de conquistar um status “platina”, ele consegue descontos e reembolsos sobre o líquido de seu prêmio, reduzindo o custo para apenas 400 libras este ano.

Para os empregadores, o fundamento lógico pode ser diferente. Claire Morrison, gerente de recursos humanos na Reed Smith Richard Butler, um escritório de advocacia, diz que espera que os prêmios na Pru Health permaneçam pelo menos estáveis enquanto os outros oferecidos pelas seguradoras concorrentes continuam a aumentar.

Mas para a maioria dos funcionários, a principal atração são os benefícios saudáveis, tais como os generosos descontos em academias de ginástica e em spas, assim como “dias de atividade”. “Trata-se de dar algo em troca,” ela diz. “Os associados trabalham muito e nós levamos muito a sério o equilíbrio entre vida e trabalho.”

Uma dúvida em relação a tais programas de prevenção é saber quais as atividades que devem ser promovidas. Matisonn diz que a Pru Health isentou-se de fornecer incentivos para programas para reduzir o hábito da bebida. “É uma questão delicada, e não temos certeza sobre como avaliar o sucesso,” ele diz. Algumas medidas importantes de prevenção – tais como ressonância magnética ou mamografias – continuam sendo caras demais para que as seguradoras as ofereçam de graça.

Falcatruas
Um dos riscos são os clientes que tentam enganar o sistema. Ele diz suspeitar daqueles que “batem ponto” em suas academias várias vezes no mesmo dia, no final de cada período contabilizado, a fim de conquistar pontos. Lord diz saber que seus clientes colocaram seus pedômetros em coleiras dos cachorros ou em secadoras de roupas para falsificar milhagem.

Os clientes também podem trocar de planos de saúde, e então as companhias rivais se beneficiariam das despesas reduzidas sobre tratamento, que acabam compensando depois de vários anos.

Baddeley diz que os reembolsos sobre seu prêmio mostram que ele agora tem um incentivo para não visitar um especialista, a menos que realmente sinta necessidade, mesmo que isso seja imprudente no longo prazo. “O sistema funciona melhor se você não reivindica, está saudável e tem um bocado de sorte,” ele diz.

Uma ameaça final para a Discover é que, embora ela tenha tentado patentear seu sistema e garantir exclusividade com academias e outros parceiros que aceitam seus pontos de recompensa, é difícil impedir que outras seguradoras lancem programas semelhantes.

Mas, na luta contra a obesidade, qualquer pequena contribuição ajuda. E como as provedoras privadas de seguro-saúde lutam com dificuldades para superar os desafios dos esquemas de incentivo, os maiores beneficiários – além de indivíduos como Baddeley – podem no final serem os sistemas de saúde pública do mundo.

Tradução:
Claudia Dall’Antonia

Quem é a Pat FeldmanPat Feldman

Pat Feldman é culinarista, criadora do Projeto Crianças na Cozinha (www.criancasnacozinha.com.br), que visa difundir para o grande público receitas infantis saudáveis, saborosas e livre de industrializados. É também autora do livro de receitas A Dor de Cabeça Morre Pela Boca, escrito em parceria com seu marido, o renomado médico Alexandre Feldman.

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