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Vitamina “S”

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Encontrei uma matéria no site do Estadão, que transmite muito do que eu penso sobre deixar as crianças brincarem e se sujarem. Fala sobre crianças que são crianças de verdade!

Criança que não brinca ao ar livre, que não se suja, que não dá trabalho para a mamãe lavar a roupa, com certeza perde uma parte importante da infância… E perde saúde, porque é brincando que as crianças mais se exercitam!

Vitamina “S”, de saúde, de sujeira – diferente de falta de higiene, por favor!!!

A matéria:

Vitamina ’s’ em doses certas

Estudo diz que exposição à sujeira doméstica diminui risco de alergias. Será?

A cada lambida de Nikimba, um estímulo para o sistema imunológico de Tiago, de quase 2 anos. A cadela e todo animal de estimação saudável poderiam funcionar como protetores contra alergias comuns na infância. A hipótese, levantada por um estudo conduzido pelo norte-americano Dennis Ownby, chefe de alergia e imunologia no Medical College, nos EUA, é recebida com cautela por profissionais brasileiros.

Ao acompanhar os primeiros sete anos de vida de 474 voluntários, Ownby descobriu que as 184 crianças expostas a dois ou mais bichos no dia-a-dia apresentavam metade das chances de ter quadros alérgicos do que as 220 que não conviviam com animais de em casa.

De acordo com a pesquisa, publicada pelo Journal of the American Medical Association, a resistência mostrada por crianças habituadas ao convívio com animais se explica pelo contato com as endotoxinas, substâncias liberadas por bactérias presentes na saliva do bicho – e também na terra , no chão: é a folclórica vitamina ‘S’, de sujeira mesmo.

As endotoxinas seriam capazes de provocar o organismo, estimulando uma ‘tolerância’ a agentes externos. “Às vezes, há mais bactérias no celular e na gôndola do supermercado do que na boca do cão. As crianças de apartamento não tomam chuva, não conhecem lama. Alguns pais têm pavor dessas coisas, o que é um erro”, diz o diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim), Renato Ávila Kfouri.

Os pais de Tiago, aos poucos, encontram a dose ideal da tal vitamina ‘S’ na vida dele. “Quando Tiago nasceu, fiquei com receio por causa da cachorra. Passava pano com álcool no chão, queria ferver água filtrada. Aos poucos, perdemos a neura”, conta Paula Loureiro da Cruz, a mãe. “Agora, ao menos uma vez por semana, ele visita a chácara do avô, põe a mão na terra, na formiga”, diz o pai, Rogério Ferreira.

Na opinião da médica Ana Paula Castro, especialista da Unidade de Alergia e Imunologia do Hospital das Clínicas, o estilo de vida urbano das famílias modernas está diretamente relacionado ao aumento das alergias. “Não se trata só do excesso de limpeza. A urbanização está ligada ao sedentarismo, à obesidade precoce. E o tecido gorduroso produz substâncias inflamatórias que estimulam as alergias”, diz ela.

Vida esterilizada

Curiosamente, o aumento dos casos de alergias tem acompanhado a profusão de esterilizadores e anti-bactericidas no mercado. Segundo a Organização Mundial de Saúde, nos últimos 30 anos a porcentagem da população acometida por rinite alérgica passou de 15% para 25% e as ocorrências de dermatite cresceram de 5% para 12%. “Fatores ambientais são importantes, mas a genética também conta. Já ao nascer, o tipo de parto e a formação da flora intestinal ajudam a definir a propensão do bebê a ter alergias”, ressalta Ana.

Apesar de concordar que o sistema imunológico precisa ser provocado para aprender a responder de forma favorável, Kfouri recomenda cautela ao relacionar alergias com padrões de limpeza. “O assunto é controverso. A exposição a certos antígenos estimula a tolerância imunológica e acredita-se que os efeitos a longo prazo sejam positivos, mas não se pode generalizar. Deve-se buscar o perfil imunológico de cada um para perceber, com bom senso, o que pode ser positivo para ela.”

Proteção garantida

  • O sistema imunológico é a defesa do corpo contra agressões externas. Ele começa a se formar na gestação, quando os anticorpos da mãe são transmitidos via placenta. Depois, o leite materno passa a ser a fonte principal de anticorpos, seguido pelas vacinas (Aqui erraram feio!!!! Criança não tem sistema imunológico, afinal??). O ritmo de trabalho das mães modernas, atrelado à diminuição do tempo de amamentação, pode influenciar o desenvolvimento do sistema imunológico do bebê.
  • Sujar-se pode até fazer bem, mas limpar-se depois deve ser a regra. Normas básicas de higiene, como lavar as mãos após brincar com animais, escovar os dentes e banhar-se todos os dias devem ser respeitadas. A chupeta que cai no chão de casa não precisa ser esterilizada. Lavá-la com água é suficiente. Vale ressaltar que o abuso de produtos químicos na limpeza da casa pode ser tão nocivo quanto os antígenos domésticos, como o ácaro.

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Leia AQUI um pouco mais sobre os sabonetes e produtos anti-bacterianos.

Quem é a Pat FeldmanPat Feldman

Pat Feldman é culinarista, criadora do Projeto Crianças na Cozinha (www.criancasnacozinha.com.br), que visa difundir para o grande público receitas infantis saudáveis, saborosas e livre de industrializados. É também autora do livro de receitas A Dor de Cabeça Morre Pela Boca, escrito em parceria com seu marido, o renomado médico Alexandre Feldman.

1 comentário

  1. Realmente muito interessante esta matéria. Eu e meu marido tentamos manter tudo limpo, mas sem neura. Essa da chupeta, é assim que fazemos em casa: caiu no chão? lavamos e pronto. Só não dá para fazer a mesma coisa na rua, né?

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