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Como se Compram as Opiniões

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Por Dr. Alexandre Feldman

pascoa1Hoje a Pat me mostrou um artigo na Folha Equilíbrio, com o absurdo título: “Crianças que Preferem Doces Crescem Mais Rápido”. Não – não é uma pegadinha de 1o de Abril atrasada.

Clique aqui para ver o artigo com seus próprios olhos.

Coitadas daquelas crianças de pais menos bem informados…

Aqui está mais um claro exemplo de como se fabricam “evidências científicas” de tudo o que interessa! Inclusive de que que nós podemos não apenas consumir e dar açúcar e seus substitutos (leia-se: adoçantes artificiais) à vontade a nossas crianças em fase de crescimento, mas também de que as crianças podem até se beneficiar com esse consumo!

E reparem, por favor, no cúmulo da conveniência: este artigo foi publicado no dia 7 de abril de 2009, ou seja, às vésperas da Páscoa, justamente a época do ano em que a população (cada vez mais desinformada por notícias como esta, que foi publicada no jornal de maior circulação do Brasil) é compelida a consumir doces, doces e mais doces.

Assim, todos vão sair aliviados da comilança de doces, seguros de que estes não fazem mal – pelo contrário, só fazem bem!

Reparem que a tal “pesquisa” foi feita pela Universidade de Washington em parceria com uma certa instituição. A instituição em si é sem fins lucrativos – mas basta clicar aqui para conferir, no próprio site dessa instituição, quem são os seus patrocinadores. Precisa falar mais alguma coisa?

Tristemente, a “pesquisa” foi divulgada não apenas pela Folha, mas também para o mundo inteiro, pela BBC, em 24 de março.

A grande dica para guardar é: sempre que você ler uma matéria sobre saúde ou alimentação, procure descobrir os patrocinadores (e por conseguinte os interesses) que estão por trás dos autores desse artigo e/ou das instituições às quais esses autores pertencem.

Veja também este artigo, que escrevi no meu site em 22 de agosto de 2007.

E Feliz Páscoa para todos nós!

7 comentários

  1. Olá Pat e Dr. Alexandre

    Realmente existe pessoas que só pensam nos lucros, e divulgam coisas como essas, toda a vida eu ouvi que doces fazem mal.
    Eu acredito que doces facam as criancas crescer,mas nao para cima e, sim para os lados.Eu ate acredito que se o avo do meu filho visse esse artigo ia acreditar paimente nisso, ele passa a vida a dizer que o chocolate alimenta,grrrrr, isso da me uns nervos.

  2. Alexandre, infelizmente a maioria dos pais simplesmente não questionam nada.
    É como na história do aleitamento materno e uso de fórmula. As mulheres são claramente levadas ao consumo de leite em pó e ainda dizem felizes que seus filhos são fortes e saudáveis.

  3. Lemos cada absurdo. E escutamos também. Uma vez, uma pessoa disse que seu filho era chocólatra – referia-se ao menino de dois anos de idade. Ainda acredito que crianças nesta idade dependem dos pais ou responsáveis para quase tudo. Inclusive para se alimentar. São quase que o reflexo da educação que recebem.
    abs

    1. É verdade, Nina!

      Na minha opinião, uma criança (quase um bebê) de apenas dois anos nem deveria saber o que é chocolate ainda…

  4. É uma pena que a necessidade financeira de uma empresa multinacional supere o compromisso com a verdade e quando distanciados dela o abismo tenebroso que se segue é irreversível para a industria, deveríamos sim decorar o nome destes para se precaver.

  5. Alexandre, apesar de ler seu post com grande atraso, gostaria de assinalar que se compram opiniões também aqui no quintal de nossas casas. Uma séria associação de especialidade, “vende” seu selinho por preço significativo mais porcentagem sobre as vendas. Sei porque me informei sobre como se obtinha o dito cujo, pensando que haveria uma séria avaliação das qualidades e do diferencial do produto para o público ao qual se destinava. Ao tomar ciência do que o selo realmente significava, ou seja, só marqueting e $$$, confesso que perdeu qualquer valor para mim. Interessante que o CFM não tome nenhuma providência ética contra tal prática, pois uma coisa é dizer que uma coisa é boa e adequada e realmente indicada para uma determinada faixa da população, outra é após pagamento dizer que um produto sem nenhuma verdadeira diferenciação é o máximo.
    Um abraço!

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