Achei interessante essa matéria que saiu na Folha Equilíbrio da última 5a. feira, dia 18 de janeiro,e resolvi reproduzi-la aqui, devidamente comentada.
O que está em fonte normal é a matéria. Em negrito, espalhados ao longo do texto, estarão os meus comentários.
Boa leitura!!!
Sempre citada como alternativa saudável à carne vermelha, a carne de frango deixou de ser um produto simples de escolher. Nas prateleiras, variações mais caras (mas mais baratas que remédios) como o frango “verde” e o orgânico chamam a atenção do consumidor. Afinal, além do preço, que diferença vem com as novas opções?
“Não tem hormônio.” Essa costuma ser uma resposta comum. Na esteira de um sistema produtivo em que aves vivem cerca de 45 dias entre sair do ovo e ir ao abate, o mito do uso de hormônios de crescimento na avicultura ganhou força. “Spams” alertam sobre o risco de puberdade precoce em crianças. De leigos a médicos, não é raro encontrar quem cite o “frango cheio de hormônio” como um perigo à saúde.
Mas hormônios de crescimento, ou substâncias anabolizantes, não são empregados na criação de aves. E na verdade esses hormônios e anabolizantes nem precisam sem empregados mesmo!! A forma como as galinhas são criadas atualmente, em sistema de total confinamento e com alimentação artificial, é mais do que suficiente para bagunçar o sistema hormonal delas. O que há é o uso de compostos promotores de crescimento produzidos pela indústria farmacêutica – geralmente por laboratórios que também fazem medicamentos para humanos. Leiam bem: MEDICAMENTOS!!! Quem precisa de remédio é porque está doente!! Preciso dizer mais??
Os especialistas garantem que o medo do hormônio não passa de um mito. “É um grande mal-entendido. Não existe nenhuma possibilidade de haver uso de hormônio em frangos de corte. Os animais não respondem a essa substância”, explica a professora Andréa Machado Leal Ribeiro, coordenadora do laboratório de nutrição animal do departamento de zootecnia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
O pesquisador Gerson Scheuermann, da Embrapa Suínos e Aves (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), diz que, como qualquer outro animal, os frangos têm hormônios naturais. “Mas não são usados hormônios exógenos na criação”, afirma o agrônomo, doutor em produção animal. O que ele esqueceu de dizer é que assim como nos humanos, se as galinhas vivem em condições extremas, seus hormônios também acabarão em condições extremas, extremamente bagunçados. E a gente consumindo essa “extremidade” toda… Nem gosto de pensar!!!
Melhoramento genético
Segundo os pesquisadores, o melhoramento genético feito durante décadas é um dos grandes responsáveis pelo maior ganho de peso em pouco tempo. “Ano após ano, são selecionadas as melhores aves, as que ganham mais peso, as que têm melhor performance”, esclarece Scheuermann. Isso até pode ser verdade – e se for é mais crueldade ainda com as galinhas “menos boas” -, mas se isso realmente fosse suficiente, será que não poderíamos aplicar a mesma regra com seres humanos? Nunca mais teríamos crianças nascendo com defeitos genéticos, doenças congênitas, etc. Isso soa meio suspeito…
O melhoramento é impulsionado, segundo Ribeiro, pelo fato de a galinha ter muitos pintinhos, o que permite fazer uma seleção melhor. “A vaca, por exemplo, tem um bezerro por ano. Já a galinha bota 280 ovos anualmente”, compara. “Nossas avós conheciam um frango diferente do que temos hoje. Sortudas as nossas vovós, comiam um franguinho muito mais saboroso e nutritivo!!! Em duas gerações, a ave mudou muito. Para pior, infelizmente… As pessoas simplificam e acham que foram os hormônios”, completa.
Segundo ela, estudos já avaliaram o uso de hormônios em aves, mas os resultados não foram bons. “Não encontraram nada que estimulasse o crescimento além do próprio potencial genético do animal.”
Os avanços na nutrição (com rações consideradas mais balanceadas do que a dieta de humanos) ?????????????????????, o controle ambiental (com regulagem de luz e de temperatura) Vai querer que eu acredite que viver com luz praticamente 24 horas por dia, ainda por cima artificial, é saudável??? pode e o desenvolvimento na prevenção e no tratamento de doenças também são apontados como fatores que fazem o frango crescer rápido.
Promotor de crescimento
Apesar de não serem utilizados hormônios, criadores convencionais colocam na ração os promotores de crescimento. São antibióticos usados em dosagem muito menor do que a recomendada para fins terapêuticos. Ah, eu queria muito que meu filho fosse beeeem alto!! O que vocês acham de eu dar um “antibioticozinho” para ele todos os dias, numa dose baixinha, claro, para ele crescer mais?? Por melhorarem as condições do intestino dos animais, evitando diarréias, os produtos fazem com que aproveitem melhor o que comem. Isso é o máximo!! Se dá certo com a galinha, dá certo com crianças!! Vou dar antibióticos para o meu pequeno, assim numa tacada só eu previno diarréias e ainda “aumento o aproveitamento da comida”… (?!?!?!?!?) – Mas das super bactérias resistentes a antibióticos nenhum desses pesquisadores lembrou. Como fica esse problema cada vez mais grave?
Em muitos países da Europa, essas substâncias são proibidas. Sabem das coisas, esses europeus… O argumento é que elas poderiam contribuir para a resistência das bactérias aos antibióticos, tornando os remédios desse tipo ineficazes para doenças humanas.
“É uma discussão recente no mundo, às vezes acalorada. A principal causa da resistência bacteriana são os antibióticos usados pelos próprios humanos. Além disso, a substância não se deposita nos músculos dos animais nem deixa resíduos”, diz Scheuermann.
A segurança dos antibióticos não é unanimidade. “Ninguém pode dizer com certeza que não deixam resíduos. Exames não detectam moléculas inteiras dessas substâncias. Quimicamente, os resíduos podem ter outra estrutura”, observa Luiz Carlos Dematté Filho, gerente de produção animal da Korin. A empresa, seguidora dos princípios da agricultura natural da Igreja Messiânica, não faz uso de antibióticos nas criações de frangos.
Mesmo entre os criadores convencionais, a prática é suspender a inclusão dessas substâncias na ração nos sete dias que antecedem o abate. E, devido às restrições européias, os produtores brasileiros vêm trocando o uso delas por alternativas como extratos vegetais, probióticos e enzimas. Me parece uma troca inteligente, mas ainda é preciso mais detalhes…
Do ovo ao frango
Para saber de onde vêm as opções de frango que hoje disputam as panelas, a reportagem da Folha visitou três diferentes criadouros de aves -um convencional (Amarelinho), um do tipo “verde” (Korin) e um orgânico certificado (Coq) – Esse é o meu favorito, mas é difícil de achar!!!.
Cada uma das granjas produtoras segue um modelo específico de manejo, sendo as duas últimas inspiradas em princípios de equilíbrio ecológico e de baixo impacto ambiental.
Aprovar ou não a presença de antibióticos promotores de crescimento misturados à raço é o primeiro ponto que as diferencia. A ele, somam-se preocupações com a densidade de animais nos alojamentos e a exposição à luz. Nos galpões, é comum que o período de claridade seja estendido para que os frangos comam mais.
Nas criações convencionais de frango, recorre-se aos antibióticos com frequência. Claro, a forma como os pobres pintinhos são criados acaba com a saúde deles e a proliferação de doenças num espaço tão limitada é certa!!! “São fórmulas reguladoras do intestino. Evitam desperdício de ração e desconforto para os animais”, explica o veterinário Carlos Zanchetta, que supervisiona as criações de frango da marca Amarelinho (convencional), no interior de São Paulo.
Os 200 produtores parceiros da marca recebem pintos criados durante um ciclo de 45 dias e alimentados com lotes de ração feitos seguindo essa premissa. Crescem confinados em galpões em que até doze frangos dividem o mesmo metro quadrado. Têm cerca de quatro horas diárias de escuro. Experimenta viver assim para ver se é bom: 12 pessoas em um metro quadrado, muita luz toda hora e somente quatro horas de noite durante a vida toda – ah, e noite apertada naquele pouquinho de espaço para tanta gente… De novo, preciso dizer mais???
Nos frangos do tipo “verde”, da Korin, também no interior de São Paulo, a regulação intestinal das aves é feita com probióticos (microorganismos vivos, como lactobacilos). Aí fica melhor, as galinhas tomam “yakult”!!!
O frango da Korin não é orgânico porque o milho e o farelo de soja usados na ração não são oriundos desse modo de cultivo. Aí é um pecado capital desse frango: milho e principalmente soja. Galinha não nasceu para comer essas coisas… A densidade de aves na granja visitada é maior do que a da convencional, mas os animais têm duas horas diárias a mais de escuro. Esse negócio de viver apertado e com tanta luz artificial é que complica… Menos mal que o frango de fábrica, mas ainda não é o ideal. Ainda está longe do ideal… O tempo de vida supera o da convencional em apenas dois dias.
“Foram dez anos de pesquisa até chegarmos a esse sistema, que concentra preocupações com as cadeias ambiental e social”, comenta o gerente de produção animal Luiz Carlos Dematté Filho.
Orgânico
Visualmente, não há diferenças entre a granja convencional e a granja “verde”. Já na Domaine Agroecológica, no interior do Espírito Santo, a diferença é evidente.
Ali são criadas as aves da marca Coq, que levam o selo de orgânicas certificadas do IBD (Instituto Biodinâmico, certificadora de produtos orgânicos; é possível conferir produtos certificados no site www.ibd. com.br).
No modo orgânico, os animais passam o dia no pasto, e a densidade de alojamento é de cinco aves por metro quadrado. E vocês não imaginam como esses detalhes aumentam tremendamente o valor nutricional da carne de frango!
São protegidos com receitas naturais: recebem doses diárias de alho, própolis e plantas medicinais. Além da ração feita com milho e sojas orgânicos A soja e o milho continuam aí, infelizmente, mas como as galinhas também pastam/ciscam muito, com certeza a quantidade de grãos ingerida é menor , comem vegetais e leguminosas de hortas desse tipo.
A marca Coq vende frangos, galinhas e galos. “São aves caipiras, pois a branca é menos resistente e não suportaria esse tipo de criação”, explica a produtora Isabelle Cicatelli. O que difere o branco do caipira é a linhagem. Nutricionistas afirmam que os dois tipos são equivalentes como alimento.
Frangos orgânicos vivem 90 dias e não recebem luz artificial. Galinhas e galos vivem 18 meses, tempo do ciclo reprodutivo, e podem receber luz artificial dependendo da idade e da época do ano, mas têm pelo menos oito horas de escuridão.
“Na criação orgânica, o manejo é preventivo e tem de ser bem seguido. Já um frango criado confinado não experimenta as condições naturais da sua espécie durante a vida. A carne não será natural”, comenta Cicatelli.
Há quem questione. “Esses frangos têm acesso à parte externa, o que cria maior possibilidade de contato com pássaros silvestres, que transmitem a gripe aviária, por exemplo. E frangos que vivem apertados, tão grudados que mal se mexem, estão em muitos maus lençóis se um deles por ali aparece doente… O frango criado solto, justamente porque tem contato com todo tipo de coisa, tem um sistema imunológico mais bem desenvolvido, está na verdade mais protegido contra várias doenças!!! Tanto que, em 2006, a Embrapa recomendou que as aves fossem fechadas, temporariamente, para evitar o risco de contaminação”, diz Gerson Scheuermann, da Embrapa.
Nos três modos de criação, as aves recebem vacinas estipuladas por lei e suplementação vitamínica pré-fabricada misturada à ração.
Derivados
Caldos de frango em tabletes, “nuggets”, empanados e salsichas são feitos com as sobras de cortes dos animais – as aparas do peito ou da coxa, por exemplo. Pele e cartilagem também podem entrar na receita. Orgânico ou não, prefiro ficar longe dos industrializados. Não basta apenas ser orgânico para ser saudável!
Na minha opinião a matéria é esclarecedora, mas não toca num ponto importantíssimo e funtamental: o VALOR NUTRICIONAL de cada um dos frangos, de acordo com a forma que são criados. A informação principal ficou faltando: qual o frango mais saudável para nós? Qual o frango mais vitaminado?
O frango criado solto, com luz natural – orgânico ou não – é altamente mais nutritivo!!!!!
Ficou sensacional sua análise , Pat. Devia ser publicado agora, no mesmo veÃculo que publicou isso, o outro lado da história que eles estão querendo tanto esconder.
Pat, pq o milho nao eh bom pra galinha? Sempre achei que esse era o alimento ideal pra elas… Talvez por causa dos desenhos animados :-D E pra nos, seres humanos, tb nao eh bom nao?
Acho que eh por isso que hoje em dia existe tanta gente estressada… comer a carne dos bichinhos que vivem assim, tao confinados e estressados deve de alguma forma trazer essa “heranca” pro nosso organismo.
A galinha não foi feita prá comer milho!! A “dona” galinha originalmente só sabia comer insetinhos e plantinhas que tinham em volta do galinheiro.
Quando ela começa a comer muito milho, sua carne e ovos serão mais ricos em ômega 6 – e originalmente, sendo criadas soltas, elas nos proveriam carne e ovos ricos em omega 3, mais difÃcil de se obter e muito importante.
A proporção entre omegas 3 e 6 na nossa alimentação atual é muito alta e de acordo com estudos cientÃficos isso predispõe ao aparecimento de doenças inflamatórias, degenerativas e até o câncer.
Sem contar que, independentemente de tudo isso, coitadinha da galinha comer todo dia a mesma coisa!! Ninguém merecce uma dieta tão monótona…
E essa tua colocação sobre a herança que chega até nós de galinhas e outros bichinhos criados sob tamanho stress é fantástica!! Ecossistema!! Nós somos o que comemos!!
Frango, vale a pena ler de novo: https://pat.feldman.com.br/?p=43
Diferença na granja
https://pat.feldman.com.br/?p=43